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2017 começou e o mercado já demonstra uma retomada, ainda tímida, mas a longo prazo otimista.

Incorporadoras estão planejando o lançamento de novos empreendimentos e investidores estão de olhos bem abertos para o mercado imobiliário de condomínios logísticos, que após uma desaceleração, promete voltar a oferecer excelentes oportunidades de negócios.

Sabemos que lançamentos imobiliários requerem um trabalho de planejamento anterior que demanda algum tempo, principalmente quando se trata de empreendimentos de alto impacto como grandes condomínios logísticos, centros de distribuição, galpões e complexos  industriais.

Este tempo inclui todos os itens relativos ao projeto e também à legalização junto aos órgãos regulamentadores, como:

  • Consulta de viabilidade da atividade a ser desenvolvida no imóvel junto à prefeitura local (zoneamento, lei de uso e ocupação);
  • Desenvolvimento do Masterplan do empreendimento, com a entrega de uma implantação inicial contendo todos os itens para visualização completa da proposta, assim como atendimento às legislações pertinentes e quadro de áreas (Leia mais em: https://www.arquiteturaparalogistica.com.br/2016/06/masterplan);
  • Análise de viabilidade financeira, do investimento inicial ao retorno, com dados de break-even e valores de comercialização;
  • Análise prévia do Masterplan junto aos órgãos regulamentadores para entender os passos para legalização (que variam conforme a localização do imóvel e os processos locais);
  • Elaboração de cronograma de projetos e legalização, compondo o estudo de viabilidade comercial (alguns processos podem ser tão demorados que requerem ajustes planejados com antecedência);
  • Desenvolvimento do projeto arquitetônico para legalização, a ser protocolado na Prefeitura local;
  • Desenvolvimento de todos os projetos complementares e relatórios exigidos, que farão parte do processo de regularização;
  • Acompanhamento do processo de legalização até a emissão do alvará e demais licenças necessárias, com reuniões periódicas nos órgãos e atualização do cronograma para verificar possíveis impactos na viabilidade.

O tempo para estas etapas é bastante variável, e toda empresa deveria fazer uma consulta prévia, com profissional qualificado, para ter um planejamento mais preciso.

Como atuo com desenvolvimento imobiliário há muitos anos e possuo conhecimento em gestão de projetos, já tentei criar um check-list com itens pré-definidos para a legalização de um empreendimento, porém nunca consegui chegar nos passos para serem cumpridos de forma global, abrangendo qualquer imóvel em qualquer região do país.

Os processos de legalização variam de cidade para cidade, o que demanda do profissional a frente destes um conhecimento anterior das possíveis etapas, para questionar nas prefeituras locais e desenvolver um cronograma de atividades. Em algumas cidades o processo de legalização é tão confuso que os próprios órgãos, dentro de uma mesma prefeitura, não conversam entre si.

Muitas vezes as solicitações exigidas pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano entram em contradição com os itens definidos para o processo de Licenciamento Ambiental; as exigências do Departamento de Trânsito não levam em consideração as exigências das Concessionárias de Rodovias, exigindo habilidade e conhecimento técnico suficientes para antever estas questões e já sair em busca das soluções.

O ano de 2017 começa com nova gestão nas prefeituras e este fator deve ser considerado pelas empresas interessadas em aprovar seus empreendimentos. Apesar de ser um momento onde estão acontecendo muitas mudanças de cargos e novos profissionais estão sendo nomeados para assumir a gerência de secretarias e departamentos, é também o momento onde os processos estão sendo discutidos e redefinidos. Quanto antes soubermos das mudanças, positivas ou negativas, melhor.

Todo processo de legalização, por mais simplificado que seja, demanda tempo. Os incorporadores e/ou proprietários devem, portanto, protocolar todos os documentos e projetos necessários considerando um prazo mínimo para realização de um trabalho profissional e ético, tanto dos projetistas quanto dos servidores públicos.

Muitas empresas se perdem em planejamentos de obra, orçamentos, projetos e esquecem de contabilizar o tempo da legalização. Não é um passe de mágica e não pode ser conduzida por qualquer pessoa. Exige conhecimento técnico do empreendimento em questão, para que o responsável e representante da empresa consiga discutir com o arquiteto ou o engenheiro da prefeitura de igual para igual, defendendo o projeto e atendendo a legislação.

Quando o único objetivo do condutor do processo é o alvará e/ou a licença em mãos o mais breve possível, podem acontecer algumas situações indesejáveis como: mudanças de projeto que  impactam na liberação do habite-se, exigências de medidas compensatórias não estudadas com antecedência, acordos verbais que depois transformam-se em termos de ajuste de conduta envolvendo grandes somas de dinheiro.

Em uma ocasião me deparei com um projeto aprovado com áreas errada, maior que a área real, onde a empresa proprietária pagou todas as taxas proporcionalmente, um valor bem acima do devido.

Em outra oportunidade atendi a solicitação de um investidor que precisava saber se o imóvel que ele estava interessado em investir estava realmente legalizado, para não haver nenhuma surpresa após o fechamento do negócio. Como as licenças e regulamentações variam de prefeitura para prefeitura, é difícil saber se um imóvel está ok, mesmo com o habite-se em mãos.

Nesta situação específica foi realizado um trabalho de diagnóstico de imóveis, que retrata a real situação do mesmo perante os órgãos regulamentadores, aspectos que nem o registro no cartório e nem os documentos de alvará e licença analisados isoladamente conseguem assegurar.

A maioria das prefeituras exigem muito mais que um projeto arquitetônico para liberação do alvará de um condomínio logístico ou galpão industrial. Os documentos solicitados pelas Secretarias de Meio Ambiente para emissão de licenciamentos ou pareceres ambientais muitas vezes são pré-requisitos para alvará.

Os relatórios e documentos solicitados demandam estudos multidisciplinares e projetos complementares. As nomenclaturas variam mas os termos mais comuns são:

  • EIV – Estudo de Impacto de vizinhança
  • RIV – Relatório de Impacto de vizinhança
  • RIU – Relatório de Impacto Urbano
  • RIC – Relatório de Impacto na Circulação
  • RAS – Re

Será que um galpão novo é realmente eficiente?

Quando recebi o convite da arquiteta Lorena Toledo, especialista em projetos de galpões industriais, para escrever um artigo no Blog https://www.arquiteturaparalogistica.com.br/, além de envaidecido pela lembrança, fiquei um pouco receoso sobre qual tema deveria escolher, uma vez que estaria opinando para alguém de reconhecida expertise no seguimento de galpões logísticos e industriais. Depois de algumas análises, achei que a eficiência seria algo interessante de ser comentado.

A questão sobre a eficiência nos galpões é de fato importante, mas requer algumas ponderações. Um empreendimento com altura de 12 metros, piso polido com resistência a partir de 05 toneladas por metro quadrado, pátio para carretas, certificação Leed é eficiente?

Minha resposta: “Depende”.  Mas como? As pessoas podem questionar: Um galpão destes é moderno em relação aos galpões de altura de 6 metros, com poucas docas e pátio, etc.

A eficiência, muita vezes, está ligada ao suprimento das necessidades das organizações.  O fato é que um galpão mais antigo, pode sim atender as expectativas do cliente em determinado momento.  Ponto!

Sublinhei a palavra cliente, mas por quê?

Em determinados momentos, optamos mais pelo produto do que pelo cliente. Valorizamos o empreendimento, por sua modernidade e por vezes, não ouvimos a voz do ocupante.

Por vezes, um galpão logístico moderno, com todas as tecnologias utilizadas, como altura, resistência do piso, docas com niveladores, estrutura de portaria e segurança, pode não ser tão eficiente para seus ocupantes. Por que isso ocorre?

Quando do desenvolvimento de determinados empreendimentos logísticos, em algumas situações, muitos investidores constroem imóveis industriais com a taxa de armazenamento em relação a construção com coeficiente abaixo de 80%.

Em busca de equilíbrio financeiro fazem a opção de aumentar as áreas administrativas (escritórios, mezaninos etc) em detrimento da área de armazenagem ou fabril. Há imóveis com relação de eficiência de 65%.

Ruim para os dois, para o locatário que paga por uma área ociosa e agora para os investidores, que estão tento dificuldades na ocupação destes empreendimentos.

Em época de crescimento econômico, onde havia falta de imóveis industriais, estas situações eram irrelevantes ou talvez não tão analisadas, ocorre que a situação mudou…

Fica o conselho: No desenvolvimento, ouçam seus players, conversem com seus futuros ocupantes, pois a eficiência está no atendimento pleno de seu cliente.

Muitas pessoas devem estar se perguntando qual a relação destas duas áreas de conhecimento, tão distintas e porque não, tão distantes. Minha missão aqui é fazer uma correlação com estas matérias até que, ao final do artigo, você leitor veja a importância e relevância do trabalho da arquitetura para bons projetos de logística.

Arquitetura é a técnica de projetar uma edificação organizando os espaços para abrigar os diferentes tipos de atividades humanas. Como disse o arquiteto brasileiro mundialmente conhecido, Lúcio Costa: “Pode-se então definir arquitetura como construção concebida com a intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa.”

Nas últimas décadas observamos também o uso da palavra arquitetura para designar processos da área de ciência da computação: a arquitetura de software. Em uma conceituação simplificada podemos entendê-la como a definição dos componentes de um software, suas propriedades externas e correlações e da mesma forma que a arquitetura conceituada anteriormente, ela é a construção pré-concebida, mas neste caso de um sistema.

Nosso assunto aqui trata-se especificamente da arquitetura como técnica projetual, existente desde os primórdios, quando o homem sentiu necessidade de organizar um espaço para se proteger.

Logística é uma atividade também desenvolvida pelo homem a milhares de anos, porém a logística nos negócios surgiu a partir de 1950, para resolver a crescente complexidade na gestão de materiais e entrega de produtos, dentro de uma cadeia de suprimentos que requeria especialização e se tornava cada vez mais global.

Tudo que concerne ao controle de fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, além de informações de todo o caminho a ser percorrido por eles, do ponto de origem até o ponto de consumo; são parte da logística integrada, que avançou do transporte, depósito, armazenagem para um nível estratégico de empresa.

No Brasil esta indústria logística está em franca expansão e possui ainda grande potencial a ser explorado. Apesar de ter se desenvolvido bem nos últimos anos, é um mercado que demonstra otimismo apesar da crise político-econômica que vivemos. O crescimento do comércio eletrônico, que possui seu sucesso diretamente relacionado à uma operação logística eficiente, demonstra claramente como este setor vai na contramão da crise, com aumento de 22% nas vendas em 2015 e boas perspectivas para fechar o ano de 2016.

Investimento e Construção

O crescimento deste mercado está diretamente relacionado também a oportunidades de investimentos na construção, pois muitas empresas optam por locar o espaço para sua operação, viabilizando seu negócio mais rapidamente e acelerando o motor de crescimento. As empresas de Real Estate, por sua vez, disponibilizam os vários tipos de projetos e formas de contratação para atender esta demanda, que podem ser: built to suit, turn key, especulativo, entre outros que vamos explorar oportunamente.

Para viabilizar o negócio, seja construindo por conta própria o seu centro de distribuição ou investindo para obter um bom resultado financeiro com operações de locação, existem vários fatores para serem observados e a arquitetura pode ajudar o empresário a clarear na tomada de decisão para os principais.

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Implantação

A localização estratégica é o mais importante na escolha do terreno onde será implantado o empreendimento, que pode ser um galpão monousuário para armazenagem, uma transportadora e também, como principal produto das empresas investidoras de Real Estate, os condomínios logísticos, onde várias empresas compartilham serviços comuns e se localizam dentro de um mesmo terreno.

O imóvel, além da localização, deve contar também com algumas análises que interferem diretamente na taxa de ocupação.  Na sua maioria são terrenos de grandes dimensões, que algumas vezes demandam alto investimento em infra-estrutura, tornando ainda mais importante a análise de tudo que possa comprometer a viabilidade do empreendimento. Podemos citar alguns itens essenciais que devem fazer parte do check-list do responsável por este trabalho:

  • Planialtimetria do terreno;
  • Presença de cursos d´água e/ ou nascentes;
  • Presença de faixas não edificantes devido a linhas de transmissão e/ou proximidade à rodovias;
  • Parcelamento do solo a ser feito com doações de áreas e destinações de áreas verdes, institucionais e arruamentos;
  • Planejamento viário que interfira na área;
  • Parâmetros urbanísticos de zoneamento;
  • Alta taxa de permeabilidade;
  • Geometria do terreno, de forma que permita uma boa solução de implantação.

Como observamos, muitos dos itens fogem do escopo inicial do trabalho do profissional que faz as transações imobiliárias. Começa já neste ponto, então, a interface do arquiteto no processo. Este profissional poderá tirar um raio-X da área e fazer o master plan inicial, de forma a fornecer subsídios para a decisão final da compra do terreno.

Neste estudo é necessário atenção também no tamanho e na quantidade de veículos de carga que vão circular no site. O pátio de manobras e o número de docas, se não forem satisfatórios, podem acarretar problemas para a empresa e até perda de prazos e, consequentemente, de clientes. Sistema viário interno, estacionamentos interno e externo, localização da portaria e guarita, necessidade de eclusa e balança, cercamento e posição dos prédios de apoio dos funcionários e administrativo, todos estes  tópicos devem ser pensados neste momento.

(Ante)projeto Arquitetônico

O próximo passo é o desenvolvimento do anteprojeto arquitetônico e aqui conseguimos observar ainda com mais clareza a necessidade de empregar uma arquitetura para logística, empregando conceitos de engenharia e tecnologia usados especificamente para este tipo de edificação.

Como acontece com arquitetos que trabalham exclusivamente com arquitetura hospitalar, que precisam entender do fluxo de pacientes, equipe médica, medicamentos, lixo hospitalar, além de saber exatamente quais materiais devem ser empregados na construção e também o que dizem as leis sobre as edificações para atendimento médico; arquitetos que trabalham com edificações destinadas a operações logísticas também precisam saber alguns requisitos que são particulares a estas.

Como não possuímos cursos específicos que atendam esta matéria, como acontece com a arquitetura hospitalar, podemos valer da experiência na área para capacitar estes profissionais. De um projeto de centro de distribuição para produtos alimentícios para um condomínio logístico da área de produtos farmacêuticos, por exemplo, o arquiteto aplica alguns conceitos e técnicas que são comuns aos dois e outros quesitos que são exclusivos de cada área.

O tipo de estrutura do galpão e a modulação dos pilares são pontos que devem ser analisados ainda no início da concepção, diferente de muitos projetos arquitetônicos onde esta é uma discussão que acontece posteriormente. Esta definição requer um conhecimento do tipo de equipamento a ser utilizado na operação logística interna, como será feita a armazenagem e como funciona o fluxo dos produtos. Uma outra definição importante neste momento é quanto a altura do pé direito livre necessário e possível.

Pallet_racks

Agora já com o formato ideal do galpão, vamos para as soluções de fluxo de pessoal e onde ficarão as áreas de apoio e administrativas internas, se for o caso. Normalmente em galpões especulativos opta-se por ter um mezanino acima da área de recebimento e expedição de mercadorias, já que nesta não é requerido um pé direito elevado.  Com isso, temos ainda algumas observações a fazer como tipo de portão a ser utilizado, se vamos ter nivelador de docas embutido ou manual, como será o aceso ao mezanino, entre outros.

Algumas decisões de soluções técnicas precisam ser tomadas ainda nesta fase, outras podem acontecer durante o projeto executivo, mas é importante que o arquiteto tenha isso em mente para não projetar nada que possa comprometer o que virá a seguir.

 Projeto Legal

Terminada a fase de anteprojeto é desenvolvido o projeto para legalização nos órgãos regulamentadores. Todas as leis e normas técnicas já estão atendidas neste momento, pois fazem parte da concepção inicial e não podem acontecer mudanças de partido neste momento.

O projeto é colocado nos moldes corretos para ser analisado, informações complementares e técnicas são acrescentadas para o perfeito entendimento do analista e para que tenhamos, o mais breve possível, a aprovação para início de obra.

Neste momento empresários e investidores ficam impacientes para terem um sinal positivo, mas é uma etapa que não tem com estimar prazo, pois cada órgão tem suas peculiaridades e processos de trabalho diferentes e específicos.

Executivo

Entretanto a arquitetura não para, o projeto executivo é iniciado e começam também os demais projetos de engenharia.  A escolha dos materiais a serem utilizados e da tecnologia construtiva a ser empregada são detalhados e define-se o tipo de cobertura a ser usada, se teremos iluminação zenital, se a ventilação será natural ou mecânica, se terá climatização, qual será o tipo de fechamento lateral, qual será o tipo de piso, entre outros itens.

As disciplinas complementares que devem ter sido já pré-analisadas na fase anterior, retornam agora com seus projetos finalizados e cabe à arquitetura compatibilizar as mesmas, gerando um projeto executivo pronto para ser liberado para a obra.

Muitas das informações e caminhos apresentados são mesmo inerentes ao trabalho do arquiteto, para qualquer tipo de projeto de edificação.  O briefing com o cliente traz informações valiosas e imprescindíveis para o desenvolvimento e as etapas são as mesmas para qualquer tipo de construção, porém o conhecimento sobre a operação logística, os termos comuns ao empresários deste nicho e o que torna um projeto eficiente e rentável são os itens que fazem a diferença na análise da capacitação de um profissional para este tipo de trabalho.

No mercado logístico temos dois tipos de investidores, aqueles que viram neste setor uma excelente oportunidade de investimento e criaram empresas de incorporação imobiliária com este propósito e investidores independentes, que querem fazer bons negócios apesar de não atuarem nesta área. Para ambos, ter um profissional que saiba exatamente como deve ser o empreendimento para tornar-se atrativo para o locatários é um diferencial que representa ganho de tempo e geração de valor.

O cliente final, que quer construir seu próprio CD, também ganha com esta parceria, pois o processo pode pegar alguns atalhos que também representam ganhos no tempo de implantação e na mudança da operação.

Enfim, Arquitetura para Logística é um tipo de arquitetura especializada que possui demanda crescente e grande potencial.